Primeiramente, o home office tem sido apontado como a salvação para muitas empresas. A praticidade, agilidade, economia de tempo, bem como com custos de deslocamento são conceitos geralmente associados ao trabalho remoto. Além disso, o escritório em casa é uma tendência que já vinha sendo discutida há bastante tempo, porém, agora todos estão em quarentena por conta do novo coronavírus e tendo que se dividir entre trabalho, cuidados com os filhos e tarefas de casa.
Com a pandemia, além de dar conta de reuniões e planilhas, as mães chefes de família, preparam as refeições, limpam a casa e cuidam dos filhos.
Não só isso: como as aulas presenciais estão suspensas, muitas escolas têm passado atividades para as crianças fazerem em casa, com acompanhamento dos pais. Como não enlouquecer diante de tantas atividades?
Quando se trata de cuidar dos filhos, as mães fazem com amor e muito prazer, mas é preciso dividir as obrigações igualmente entre mães e pais. Em muitas famílias a rotina já é dividida, e é isso é maravilhoso. Mas, infelizmente, não é a realidade de todas as mães e a carga sobre as mulheres acaba ficando mais pesada.
Recentemente, uma pesquisa sobre home office realizada pela startup Pin People, com 30 mil trabalhadores do Brasil e da América Latina, mostrou que a saúde mental das mulheres está em estado crítico. Segundo os resultados parciais, as mães estão tendo uma experiência de trabalho remoto pior que os pais.
Isso não é justo. Ainda há um longo trabalho de conscientização que precisa ser feito, tanto em relação aos pais, para que tomem para si o real papel de pais; quanto para nós, mães, que temos que desapegar do peso de achar que precisamos dar conta de tudo.
Trazendo esse assunto à tona, muitos profissionais não entendem a sobrecarga das mães para começar a trabalhar em casa, porque não vivem isso. Dessa forma, exigem horários ou entregas que são simplesmente inalcançáveis, ou pior, questionam a dedicação das chefes de família ao trabalho.
A maternidade não reduz a competência profissional feminina e cabe às empresas, olhar para o dia a dia delas com mais empatia. Porque uma colaboradora, mãe, que não se sinta acolhida em seu trabalho será infeliz e, provavelmente, procurará um outro lugar que a acolha.
Pensar em modelos de trabalho remoto menos engessados, com foco em metas e não, necessariamente, no cumprimento de horários como no escritório da empresa, pode ser uma alternativa que viabilize o trabalho das mães e não prejudique o seu desempenho profissional. Afinal, o local de trabalho teve que mudar com a pandemia, mas o compromisso e seriedade com o que todos executam suas tarefas permanecem os mesmos.
O home office é mais estressante para as mães, mas não precisa ser. Ter uma gestão que entenda nossas dificuldades, que está sempre aberta ao diálogo e a negociações, torna o dia a dia mais leve, mais transparente. Os líderes, mesmo que sejam homens, precisam fazer o exercício de se colocar no nosso lugar, porque uma gestão mais humana sempre traz resultados positivos para todo o time.
Milhares de mães estão trabalhando de casa e enfrentando o desafio de crianças e home office há muitos dias. Cada uma com sua história, uma aprendendo a dividir as tarefas com o marido e a outra em carreira solo, existe um processo de troca de experiências de alegrias e de momentos de desespero que o fato de ser mãe proporciona, por exemplo.
E o que se aprendeu com tudo isso? Em primeiro lugar, que não há supermulheres e que ninguém está competindo para ver quem consegue fazer mais coisas durante a quarentena.
O maior desafio está sendo deixar de tratar como prioridade coisas que agora já não fazem mais sentido, ou seja, cuidar da própria mente, pois ela é necessária para dar o que há de melhor para as pessoas mais importantes em suas vidas, que são seus filhos.
Por fim, se pudermos deixar uma mensagem para as mamães que estão nos lendo é: calma, não se cobre tanto agora, logo tudo vai ficar bem e você vai voltar ao seu ritmo com qualidade de vida.
** Por Simone Cardarelli e Thaís Mariano
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