Dívidas: 6 alternativas para salvar sua empresa na crise
O ano de 2020 será marcado pela reinvenção de negócios e muito planejamento financeiro. Modelos mais tradicionais de negócio que não se adaptaram às novas demandas do consumidor tiveram uma queda brutal de receita. Uma consequência disso é que negociar dívidas torna-se inevitável devido a inadimplência e baixo movimento de novos consumidores.
Há 6 alternativas que o empreendedor deve levar em conta ao gerenciar as dívidas da empresa.
- Viabilidade do pagamento;
- Relação com fornecedores;
- Programa de renegociação de dívidas;
- Rever contratos de empréstimos;
- Vender bens;
- Recuperação judicial.
Sendo assim, o cenário a curto e médio prazo requer do empreendedor nervos de aço, habilidade e resiliência diante as dificuldades.
Pesquisa
De acordo com pesquisa realizada pela consultoria Falconi feita em maio deste ano com 408 empresas brasileiras, de micro a grande porte, revelou que deste total, 25% não tiveram faturamento algum desde a quarentena, e outros 25% das empresas tiveram queda superior a 50% na receita.
De acordo com especialista em ativos estressados e recuperação judicial, Cidinaldo Boschini, o estudo revela um quadro de inadimplência praticamente inevitável para os próximos meses. “Temos um cenário futuro que irá exigir das empresas muita resiliência e planejamento”, afirma o diretor da Cronos Capital.
Segundo o especialista, no atual momento em que empresas começam a retomar suas atividades após três, quatros meses de portas fechadas é preciso que seus gestores analisem com profundidade o impacto da queda de faturamento no negócio, e assim projetar possíveis cenários (pessimista, provável e otimista) para um período de três a seis meses, buscando sempre cortar custos e ficar de olho no fluxo de caixa e na liquidez.
Viabilidade do pagamento
Um empreendedor deve ser alguém habilidoso em negociar. Nunca é positivo buscar soluções monocráticas sem levar em conta diversos fatores envolvidos do negócio. E isso inclui a viabilidade do pagamento de sua dívida atual. Como o ditado diz, não dá para ‘matar a vaca para combater o carrapato’.
É necessário ser realista e buscar uma negociação viável ao momento financeiro pelo qual a empresa enfrenta.
Não é viável realizar uma negociação só para limpar o nome da empresa ou para agradar os credores, se a parcela do débito não couber no fluxo de caixa do negócio. De outra maneira, a negociação pode tomar um efeito indesejado e se tornar um problema ainda maior no cenário de curto e médio prazo.
Se o seu faturamento está caindo há quatro meses seguidos ou mesmo próximo de zero, avalie a situação com calma.
Relação com fornecedores
Este é um assunto recorrente no Blog FoxManager, os fornecedores, os parceiros do B2B são na verdade grandes aliados do empreendedor. A crise que atinge você, é a mesma que atinge o negócio deles. Podem ser fornecedores de um serviço ou insumos e matérias primas essenciais para a continuidade do seu negócio.
Não parece ser muito inteligente negligenciar esse tipo relacionamento não?
Ao se ver sem muitas soluções à vista, os fornecedores são os primeiros que devem ouvir do empreendedor a real situação.
Ao mostrar sinceridade, você acaba por fortalecer esses laços e antecipa a renegociação com os mesmos. Além disso, você evita paralisar suas atividades por conta de execuções judiciais e extrajudiciais.
Programa de renegociação de dívidas
A inadimplência e a queda nas vendas não são os únicos problemas do empreendedor em momentos de crise. O governo também cobra tributos nas esferas municipais, estaduais e federais que contribuem para o aumento das dívidas. É importante estar atento ao programa de recuperação de créditos fiscais, o Refis.
Em virtude da situação de pandemia, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), desde março, vem adotando medidas para amenizar o impacto das obrigações tributárias no orçamento das empresas, com protelação, descontos e outras medidas.
Inclusive, o adiamento da cobrança de impostos federais é uma das estratégia adotada pelo governo para ajudar as empresas durante o pico da crise do coronavírus.
Segundo dados da Receita Federal, o governo deixou de arrecadar R$ 81,3 bilhões de abril a junho com a postergação de impostos.
Ao todo, foram cinco impostos cobrados das empresas com adiamento de cobrança:
- PIS/Pasep;
- Cofins;
- Contribuição Previdenciária Patronal;
- IRPJ;
- CSLL.
No caso desses dois últimos, o diferimento foi apenas paras as empresas optantes do Simples Nacional. Parte dos impostos foi postergada por um ou dois meses, e parte por três meses.
Além disso, houve retardação por 90 dias no prazo de pagamento de parcelamentos de tributos realizados em 2019 e de parcelamentos especiais para empresas.
Projeto de Lei 2.735/20
Ainda em maio foi apresentado na Câmara dos Deputados o projeto de lei (PL) 2.735/20, que institui um conjunto de regras para parcelamento de tributos federais.
O texto prevê, estabelece para empresas um limite atrelado a um percentual do faturamento.
A intenção do projeto é desafogar as disponibilidades e o caixa de pessoas jurídicas que se viram em dificuldades financeiras por conta das paralisações decorrentes do distanciamento social.
Rever contratos de empréstimos feitos
É uma boa ideia rever com os bancos os contratos de empréstimos tomados. Procure carência para voltar a pagar as parcelas e juros. Busque também uma maneira de reduzir as taxas de juros na renegociação.
Renegociar com bancos é sempre uma tentativa válida
Mas não se limite apenas a sua instituição bancária, veja com outros bancos a portabilidade do empréstimo caso consiga melhores condições de renegociação.
Vender bens
Caso o empreendedor disponha de bens imóveis para venda, é importante vislumbrar a negociação dos mesmos em busca de liquidez para enfrentar o momento de crise financeira nas operações da empresa.
Mas cuidado! Não é para vender os bens imóveis para pagar dívidas. A intenção da venda dos bens imóveis visa gerar caixa para as operações da empresa, ou seja, para o seu capital de giro.
Seus credores, sejam eles bancos ou fornecedores, devem passar por renegociações para pagamentos com carência e prazos mais longos.
Recuperação judicial
A recuperação judicial pode sim ajudar empresas que estão em situação difícil e que sejam viáveis operacionalmente mas devido ao tamanho da dívida, não conseguem cumprir com o pagamento do principal e juros da dívida.
Procure um especialista na área para analisar a situação da sua empresa e a viabilidade de um processo de recuperação judicial. Analise o custo projetado e compare com os benefícios projetados.
Lei da falência
Dentro da ‘Lei de Falência’, a recuperação judicial se mostra como uma forma de fazer com que o empreendimento continue a funcionar, voltando-se ao desenvolvimento econômico social e de todas as partes envolvidas.
A chamada recuperação judicial é um dos dispositivos firmados na Lei nº 11.101, ou Lei da Falência, que objetiva proteger uma empresa que está com dificuldades financeiras ou econômicas.
Ela obriga a empresa a renegociar suas dívidas com os credores ao mesmo tempo que goza de um grau de proteção judicial pelo tempo necessário.
“A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica”.
Art. 47 da Lei da Falência
Critérios para entrar com pedido de recuperação judicial:
- Não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
- Não ter, há menos de 5 anos, obtido concessão de recuperação judicial;
- Não ter, há menos de 5 anos, obtido concessão de recuperação judicial;
- Não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Conclusões
As seis alternativas não devem ser encaradas como meios separados, mas um conjunto de ações que podem ser úteis para manter seu sonho de empreendedor vivo neste cenário difícil de curto e médio prazo.
Não há saída fácil para as empresas diante da crise, mas deve-se buscar meios para que o impacto não seja tão grande.